sábado, 7 de abril de 2012

Reflexões sem Lógica - Ciência e Religião

 

Que a Ciência e a Religião não se entendem, na maior parte dos casos, e um pouco por tudo o mundo, isso já nós sabemos e não é disso que vou falar. Pelo menos, não numa visão tão generalista e impessoal; o que venho escrever está para além daquilo que se encontra no Google e não tem nenhuma intenção persuasiva, é apenas a minha opinião e não mais que isso.

Eu cresci no seio de uma família cristã. Passei por várias fases durante o meu desenvolvimento, como qualquer pessoa, e numa delas, pensei seriamente em ser freira. Depois isso passou-me e hoje já nem à missa vou.
Não deixei de acreditar em Deus, apenas o vejo de outra forma, totalmente diferente da forma que os padres e toda a Igreja dita.

Para mim, Deus somos todos nós, Humanos, e tudo o que constitui a natureza. Daí que eu de facto considere que Deus é omnipotente, omnisciente, omnipresente. Deus é uma forma, uma energia que se renova, que todos respiramos e que todos temos dentro de nós, que faz mexer os átomos de cada célula... Não o vejo como o Pai bondoso que cuida de nós, porque então seria injusto para com todos aqueles miseráveis que se encontram pelo mundo fora... Porque se ele fosse bondoso, não castigaria o povo do Egipto, como diz na Bíblia que o fez... Não pediria a Abraão para matar o seu filho, só para ver a quem este amava mais...não poderia ser caprichoso dessa forma... Defendo a existência de um Deus não antropomórfico, como afirma a Igreja, mas sim como uma inteligência superior e com uma determinada intenção na criação do Universo e no surgimento da Humanidade.

Acredito em reencarnação. Acredito que estamos na vida para melhorar os nossos defeitos, para sermos melhores, sempre melhores do que o que fomos no dia anterior, até que a natureza dite a nossa morte... e depois da morte há algo, claro, há um período que não sei definir e que nos faz depois voltar à vida... Porque se é verdade que "nada se perde, tudo se transforma", então a nossa "alma" não vai a lado nenhum...fica aqui, no Universo, e o nosso corpo e a nossa energia passa a ser a energia de outra pessoa, de outro ser vivo e nesse sentido, então reencarnamos.

Como pessoa da ciência, há determinadas coisas que não consigo aceitar. Se eu tenho um cérebro, se ele pensa, se eu consigo raciocinar então não me podem dizer que Maria, mulher que para mim é um exemplo de vida, pôde ter um filho sendo virgem. O sentido filosófico que querem dar à palavra posso aceitar, mas na realidade todos nós sabemos como um filho é feito e não vem das cegonhas... Acredito que Ela era de facto pura, no seu coração, mas a meu ver a ideia de uma mãe virgem foi a bonita imagem que a Igreja quis criar, para condenar o "pecado". Pecado esse não passa de um acto de amor do qual a natureza em si se renova. "A evolução proporcionou prazer ao momento, assim como proporcionou ao acto de comer, de dormir, para que os seres vivos o quisessem e dessa forma as espécies fossem perpetuadas". (Cito um dos padres que ouvia aos domingos de manhã, e que em todas as Eucarísticas falava deste assunto, e esta frase não podia faltar).

Acredito que Jesus é filho de Deus, assim como nós o somos, já que partilhamos dessa mesma energia e acredito que um dia o iremos ver, se conseguirmos alcançar essa paz de espírito, essa perfeição, a que fomos propostos. Libertámo-nos da roda do karma, interrompendo o processo de contínuos renascimentos, como diriam os Budistas. Nesse momento, então somos Deus, na medida em que nos igualamos à sua Perfeição.

Acredito que Jesus deva ter amado uma mulher, como qualquer homem adulto que se entrega aos dons do amor... Não acho produtivo nem correcto, portanto, que os padres não possam amar... Se todos nós temos uma missão na vida e cada um de nós contribui com um pouco de si para o bem geral (pelo menos deveria ser assim), então o padre teria a sua própria missão e a meu ver, teria de ter excelentes habilitações em psicanálise e psicologia, complementado claro, pela teologia.

Não acho correcto louvar os Santos. São um exemplo de vida, mas a palavra adoração é muito mais que isso... Creio que devemos louvar os dons da vida, da saúde, da sabedoria... Que numa perspectiva cristã poderiam corresponder aos dons do espírito santo, e que para mim são os "prémios" acumulados de outras experiências...

Não acredito em "confissão", porque se Deus é omnisciente, então ele sabe, por nós mesmos, aquilo que fizemos de bem e de mal a cada dia, e nesse sentido não creio que seja necessário dizê-lo a quem quer que seja, só porque alguém o ditou. Creio que reflectir a cada dia e propor-nos a melhorar é de valorizar e é o exercício que deve ser feito, e que os orientais chamam de Meditar. Acredito inclusive que isso é mais importante que ir à missa, um acto que a meu ver é, para a maioria das pessoas, apenas um ritual. Aposto que apenas 2% das pessoas está realmente o ouvir e sentir tudo o que diz; as outras 98% dizem o credo de cor e só o sabem dizer na missa, em conjunto, onde desligam o cérebro e deixam apenas a língua solta.... Aposto que apenas 20% entende o que o padre diz na homilia e o transcreve para a sua vida. 

Creio que todas as religiões falam do mesmo, assim como a Ciência, mas de forma diferente. 
Vários conhecidos cientistas viveram divididos entre aquilo que acreditam e aquilo que estudavam. Newton é exemplo disso e creio que posso partilhar de alguns dos seus pontos de vista. Ele fez da matemática um modo de estudar a Bíblia. Newton acreditava na criação por Deus e, para resolver o problema de um tempo tão curto, observou que a Bíblia não afirma quantas horas durava um dia no momento da Criação. Como ainda não existia Terra nem movimento de rotação, um dia poderia ser quanto Deus decidisse. 
A Igreja Católica era tudo o que Newton mais odiava. Chamava-a de Anticristo – ou de a “meretriz da Babilônia” – e acreditava que todas as mentiras do mundo tinham começado no Concílio de Nicéia, em 325. O concílio estabeleceu toda a simbologia cristã que se usa até hoje. Ali foi decidida a força da Santíssima Trindade e a ambivalência entre Jesus e Deus. Newton achava que isso era fruto da corrupção dos políticos romanos, preocupados em conquistar mais fiéis.


Portanto hoje, véspera de Páscoa, confesso que sinto um vazio, por gostar de ter um grupo de pessoas que acreditassem no mesmo que eu, que me ajudassem a crescer... Já todos sabemos que o Homem é um ser social, e que necessita de se enquadrar para se sentir completo. A mim, hoje, falta-me uma religião que pudesse complementar a minha ciência...



3 comentários:

  1. Olá!
    Gosto muito deste blogue, continua a escrever nele.
    Olha eu li o que tu escreveste e dava para falar muito sobre o que lá está escrito, enfim como não dá para comentar tudo, eu vou mostrar-te algo que eu penso e que serve para comentar algumas das coisas que escreveste.
    Após ler a tua mensagem, pensei no seguinte: Se Deus nos ama, porquê que o mundo está cheio de coisas más?
    Acredito que no paraíso, todos os que lá se encontram com Deus são felizes, lá a felicidade é eterna. Acredito que Deus quer que todos nós vaiamos para lá um dia onde poderemos ser felizes. Mas quer queiramos quer não, a nossa existência começa na Terra e todos nós temos uma vida pela frente. Apesar do mundo não ser prefeito, Deus nos deu tudo o que precisamos para o tornar melhor. Por exemplo, existem doenças, mas Deus deu-nos a inteligência para encontrar a cura desses males; existe fome, mas Deus criou o mundo com alimentos suficientes para toda a população e existe pobreza, mas Deus criou-nos a todos de modo a que possamos ganhar dinheiro trabalhando. No entanto, Deus não nos deu tudo já feito, por exemplo, é preciso estudar muito para curar determinadas doenças e é preciso muito trabalho para encontrar novas curas.
    Esta vida é diferente da vida eterna, mas na vida eterna, Deus eliminará todas as doenças, toda a fome, toda a tristeza, todos os desastres ambientais e haverá paz.
    Então se Deus existe e nos ama, porquê que estas coisas continuam a existir no mundo?
    Eu não sei, nem compreendo, mas acredito que seja por bons motivos. Não me esqueço que Jesus Cristo quando veio ao mundo, apesar de possuir uma inteligência divina acima de qualquer ser humano viveu humildemente; viveu na pobreza e passou fome; morreu por cada um de nós na cruz e toda a sua vida foi dolorosa.
    Interessantemente, Jesus não eliminou a pobreza do mundo, mas ensinou-nos a amar o próximo como a nós mesmos e se todos nós nos amassemos uns aos outros, não existiria fome no mundo, nem pobreza, nem guerras e mesmo com todas as doenças e desastres ambientais as pessoas seriam felizes.
    Vou continuar a ver o teu blogue,
    Um grande abraço,
    Ricardo

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  2. Ricardo,

    Já li o comentário que me deixaste: não o publicarei, tal como pediste.

    Sobre os sites que me pediste para ler: também já li. Digo-te mais: já tinha lido aquele testemunho, em livro...

    Na MINHA OPINIÃO é demasiado extremista, diz exactamente aquilo que a Igreja veio ensinar e apela ao medo, coisa que não sou apologista... As pessoas devem fazer as coisas em consciência, por vontade, e não por medo de que se não o fizeram, vão para o Inferno. Acredito em atitudes e gestos genuínos, em sentimentos de Amor.
    Sou praticante de Reiki, e digo-te que Reiki não tem nada a ver com Igreja, e que se assim pensas, então, NA MINHA OPINIAO, não compreendes nem um, nem outro...
    Creio que te falta a ti, ver outros pontos de vista, diferentes do que a Igreja tem para oferecer. Irás perceber que a Igreja foi feita por homens, cheios de defeitos e interesses e que, por isso, de genuína, como Jesus era, tem pouco...

    MAs tudo isto é apenas OPINIÂO: e opinioes demasiado diferentes nao devem ser discutidas. Não me deverás tentar mudar, nem eu te tentarei mudar. Será a vida que, caso seja necessário, o deverá fazer...

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  3. Já li a tua resposta. Que queres que te diga? xD

    Obrigado por me responderes. Temos ideias diferentes, mas apesar disso temos um único Deus que está nas nossas vidas, mesmo que não nos apercebamos. E assim como Ele me guia a mim, também te guia a ti.

    Um abraço,
    Ricardo

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