Na última semana não tive tempo para respirar tranquilamente. A minha agenda estava completamente preenchida. Nas horas livres depois do jantar, não conseguia fazer mais nada senão deitar-me na cama e parar o cérebro, ou seja, ver tv. Houve dias em que às 22h30 já estava a dormir.
Em resumo posso dizer-vos que as minhas aulas de espanhol já começaram. Aquele novo hábito de ter de ir para o pólo 1, para a Faculdade de Letras, ao final do dia, duas vezes por semana já me cansava mentalmente, antes mesmo de chegarem as 3ªs e as 5ªs. Mas estou a gostar. Gosto da professora, dos colegas e do meu grupinho de 3 "futuros médicos", como a prof nos chama quando quer a atenção de todos. Para dizer a verdade, essas são as horas nas quais nos permitimos um pouco de rebeldia. Rimos imenso do sotaque pouco castelhano uns dos outros, estamos sempre virados para trás na conversa e lá no meio disso tudo vamos dizendo umas coisitas em espanhol.
A 2ª tarde e a 3ª manhã são os únicos momentos livres do horário...momentos esses que foram totalmente ocupados com a tese. Temos o objectivo de apresentar parte do trabalho que está desenvolvido em 2 congressos internacionais e estamos a "despachar" trabalho agora que vamos tendo mais tempo. Temos de fazer o tratamento de dados e os posteres em inglês. Trabalho demorado, devo dizer, mas incrivelmente recompensador. Aconcelho vivamente todos os colegas a fazerem um trabalho de investigação clínica que realmente gostem! Aproveitem para aprender a trabalhar com o SPSS, ou relembrem, melhor dizendo. Fiquei realmente feliz quando na semana passado conseguimos tirar a primeira conclusão do trabalho. Conseguimos fazer algo novo, algo genuíno, e isso para mim é muito melhor do que qualquer trabalho de revisão científica!
A juntar a toda esta agitação, o final da semana começou com 2 turnos seguidos na Cruz Vermelha! E digo-vos que o que menos gosto é ser chamada às 5h45 da manhã para transportar bêbedos para o hospital... Trabalho necessário claro, especialemente se tivermos em conta os imensos casos sociais que encontramos, mas incrivelemente difícil se considerarmos as horas e o frio que ainda faz.
Sábado de manhã foi apanhar o primeiro comboio e voar até ao hospital: o meu sobrinho foi "incentivado a nascer"... Qual mudança de lua qual quê! Nada que um misoprostrol não resolva! Às 19h20 estava a chorar pela primeira vez e com ele, os pais e eu, emocionados com o momento! Nunca antes tinha sentido uma alegria tão inata como aquela, como quando segurei aquele pequeno bebé e lhe disse: "olá meu amor, eu sou a tua madrinha!"