CIC's Páscoa

Férias de Páscoa - começaram hoje e já sabem bem... Mas não vão ser passadas em casa, a ver séries e a ler...

Estas férias vou fazer um Curso de Introdução à Clínica (CIC), uma actividade promovida já há muitos anos pelo Pelouro Científico do Núcleo de Estudantes de Medicina da Associação Académica de Coimbra. Consiste em passar uma semana num serviço de um hospital/maternidade ou num centro de saúde à escolha no pais inteiro, para acompanhar o dia a dia dos médicos. Se conhecermos algum médico, como é o meu caso, ainda melhor... 

2ª Feira: vou começar cedo com a reunião de serviço (vou para o serviço de Ginecologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra) e à tarde vou estar na consulta externa. Como a melhor amiga e o namorado vão para o serviço de Cirurgia Geral, vai ser bom poder almoçar com eles e contar as experiências...

3ª Feira, 4ª Feira, Etc: não faço ideia, mas depois conto... =P

(P.S não ia deixar de publicitar e participar numa actividade que fui eu que promovi este ano, como colaboradora do Pelouro!!! =P)

Geração de Mudança

Numa conversa mais informal com um dos Professores da faculdade, que desempenha um cargo "especial" na Ordem dos Médicos, que eu agora não posso especificar ele lá deixou escapar que o exame de seriação para a escolha de especialidade vai de facto mudar. A questão é quando.
Um rapaz cheio de a-vontade perguntou exactamente isso. quando?

Ele perguntou: "Vocês fazem exame em que ano?"
E em coro respondemos: "Novembro de 2014"
..."hum...pois isso é um ano crítico"...
Acho que o meu cérebro entrou em estado de atenção máxima. Foquei a voz do professor e depois ele disse: "a Ordem dos Médicos propôs que o novo exame seja para 2015...o ministério propôs para 2014"...

Eu pensei imediatamente: "Bonito...ou seremos o ultimo Harrison da história ou o primeiro exame tipo Nacional Board".... E sinceramente não sei se é bom ser a geração da mudança!!!!
E o segundo pensamento foi: "mas quem manda mais afinal, a Ordem ou o ministério?..." Não sei se quero saber a resposta...

Se me perguntarem neste momento o que penso: estou dividida, embora pendida para o lado da mudança... Se por um lado o exame Harrison só avalia a nossa capacidade de memorização, e digamos que a minha não é fenomenal, por outro lado o Nacional Board não tem literatura aconselhada.... Estudar por onde? Qual o livro mais adequado? E o curso de Medicina da Universidade de Coimbra, será que está adequado às necessidades dos alunos face ao novo exame?
Bem, preparados agora ou não já não há volta a dar! Pessoas que estão no 3º ano e anos abaixo: para vocês já não há dúvidas! Esqueçam o pensamento "oh...estudar dermatologia para quê...não quero ser dermatologista e não sai no exame..." SAI! Sai tudo! É assustador não é? Agora comparem isso, esse "tudo" completo, com perguntas que avaliam a nossa qualidade como médicos, no seu todo, com os capítulos de super tédio do Harrison...onde todos os pormenores são importantes, todas as legendas em letra 8...tudo tudo pode sair...

Deixo a pergunta no ar...

Um objectivo ou um peso? - Reflexões sem lógica

Não há nenhum dia em que não pense no objectivo final que me trouxe à Medicina: ouvir os primeiros choros de tantas crianças quantas as que um dia possa ajudar a nascer. É mesmo isso que quero! Dos muitos partos a que já assisti, não houve nenhum em que não ficasse com a lagrimazita no canto do olho... As cirurgias que já vi na área de Ginecologia acho curiosas, interessantes, até a anatomia interior me parece engraçada (na verdade é só difícil, não é engraçada)... Dos vários exames que já fiz, não houve nenhum que me fizesse pensar: "fogo, isto meteu-me «impressão», ou «nojo»..."

Mas até que ponto isto me pode prejudicar?

Ter um objectivo, uma escolha, uma meta é óptimo. Sabemos porque fazemos as coisas, podemos investir financeira e academicamente mais numa determinada área, porque sabemos que é aquilo que queremos para a vida... Mas ter só uma opção é ao mesmo tempo devastador. Não sabemos quantas vagas vão abrir, se vão abrir naquele hospital que gostariamos... Conhecer pessoas que queiram exactamente o mesmo que nós, faz-nos duvidar... "E se ele entra e eu não?" E se for um amigo próximo, piora tudo: "um de nós vai ficar triste?"

Quem me conhece sabe que sou a pessoa mais divertida do mundo, e a mais preocupada... Preocupação é sem dúvida um dos traços mais marcantes da minha personalidade...

E se não tirar boa nota do exame de especialidade? E se nesse ano só abrirem 4 vagas para Ginecologia/obstetrícia em todo o país? E se tiver de ir pro norte, depois de ter razões tão fortes para permanecer no Centro? E se...

Eu a teoria sei-a bem: sei perfeitamente que se vivermos no futuro perdemos o presente, sei que a preocupação é dos piores inimigos da paz interior... Mas simplesmente não me sei desfazer dela em 70% dos meus dias...

E se não tivesse partilhado isto convosco? Provavelmente não estaria melhor nem pior...São reflexões sem lógica, é para ser exactamente isso...