Passaram-se já 2 semanas desde o tal 1º dia esgotante. Estes não foram mais calmos, posso assegurar. Continuar a levantar cedo, estar toda a manhã no centro de saúde, tardes e noites inteiras em frente ao computador. Ontem chegamos à conclusão que precisávamos de mais uma semana, por isso a minha tutora ficou de ligar para a faculdade a pedir para eu entregar a tese só em Outubro. Parecendo que não, esses 7 dias vão fazer muita diferença...
Entretanto as minhas manhãs têm enchido o meu coração. A grande maioria das pessoas que entram naquele consultório, além de se queixarem de uma dor qualquer, ou da dificuldade em dormir, ou de outra coisa qualquer, normalmente trazem uma história para contar, alguma situação escondida por detrás daquelas dores sem sentido e estão simplesmente à espera que o médico lhes pergunte "então e o resto, como vai a família/a vida?". Já ouvi de tudo. Pais desiludidos com os filhos, casais em crise matrimonial, desemprego, saudades da companheira de uma vida que já partiu...
E depois vêm as manhãs em que vamos aos domicílios, porque há velhinhos acamados que não podem ir ao centro de saúde, porque há velhinhos em lares de idosos, porque um médico de família trabalha para a comunidade. E é espectacular a forma como eles ficam contentes quando vêem que não ficaram esquecidos. Há muitos que não podem saber o dia em que vamos lá, senão ficam tão ansiosos dias antes que isso até lhes faz mal à saúde...
Apesar de não saber se medicina geral e familiar seria uma boa opção para mim, devo admitir que quem realmente gostar do que faz num centro de saúde, pode realmente ajudar as pessoas, pode dar conselhos e opiniões, pode ser um amigo.