terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Córdoba #1

Apesar de ter sido super bem acolhida na casa onde estou a viver com outros jovens, e apesar de conhecer a língua espanhola relativamente bem, ainda assim não pude deixar de sentir diferenças, um certo choque. 
Estava claramente mal habituada. Passei de uma residência universitária onde vivia com mais 20 raparigas, com uma cozinha enorme completamente equipada e 5 wc's e uma lavandaria com 3 máquinas de lavar, para uma casa com poucos metros quadrados, onde a cozinha é tão diminuta que 2 pessoas já é demais, e o único pequeno wc que existe é partilhado por 4 pessoas. Senti-me ligeiramente claustrofóbica.
A primeira semana passou devagar, porque não havia objetivos. Cada dia tinha a sua própria liberdade. Aproveitei para fazer uso da biblioteca da faculdade e adiantar um pouco o estudo, fui visitar Granada e a Sierra Nevada e não me dediquei mais à exploração de Córdoba porque foram poucas as horas que não choveu.
Depois a 2ª feira finalmente chegou e senti-me como se fosse para o primeiro dia da escola primaria. Tantos "ses" e expectativas...
Os meus novos colegas espanhóis revelram-se ao longo dos dias pouco afáveis, tirando unas raras excepções. A rapariga com quem mais falo (e são apenas uns minutos de conversa antes de começar a sessão clínica das 8h30 no hospital) é ERASMUS também...ou não fosse a força das circunstâncias unir as pessoas. As restantes, com o seu grupo de amigos tão bem definidos, assim ficam. Mas tudo bem, adaptei-me facilmente a essa nova situação.
Fomos distribuídos aleatoriamente  pelos diversos serviços de Pediatria, e eu fiquei na Medicina Intensiva Pediátrica. O primeiro implacto foi...formiga-like. Não conhecer ninguém, estar sozinha no serviço sem outro aluno, e ainda por cima numa intensiva. A minha rotina matinal inclui levantar as 7h, sair às 7h45min, caminhar até ao hospital cerca de 35 minutos, assistir à sessão clínica das 8h30-9h30, subir até à intensiva, outra reunião de serviço das 9h30 às 10-10h30 e depois começamos a ver as crianças e a fazer o que é necessário até às 13h. Era aqui que queria chegar, à parte de existir uma reunião de serviço na intensiva:
- Primeiro dia: fiquei exausta. Tive o tempo todo a fazer uma enorme esforço para tentar decifrar o que diziam, porque falavam tão rápido aqueles termos médicos todos que em português já não são fáceis... Dava por mim com o cérebro desligado de 5 em 5 minutos e voltava a obrigar-me a estar atenta, a tentar ouvir e traduzir o que se falava...
- Segundo dia: parecia que o espanhol já era a minha segunda língua! Já não me custava nada, era directo... 

Ao longo dos dias da semana que passou e esta, fui criando mais confiança com as pessoas do serviço e ficando cada vez mais à vontade. Estou a gostar imenso. É incrível o quando se pode aprender, bastando mudar o cenário... Eu não gosto particularmente de Pediatria e era daqueles estágios que não queria nada fazer... Mas mudando esse tal cenário, não me importo de me levantar cedo todos os dias, porque sei é que vai interessante, muito prático, muito interactivo. O médico meu tutor é super bom professor, faz imensas perguntas, explica tudo, faz com que me sinta inteirada da situação. Os internos de especialidade que por lá andam são todos super simpáticos e acolheram-me bem. Em termos de experiência "profissional", não poderia estar a gostar mais. 
Entretanto também já deixei de me sentir claustrofóbica...o meu quartinho é o meu larzinho pequeno e sinto-me bem aqui.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Chegada a Córdoba

Após 7h longas horas de viagem, e ainda o prejuízo de ao entrar em Espanha se contar mais uma, e mais aqueles 45 minutos de voltas pela cidade, sem saber como encontrar a nossa casa alugada, e eis que...chegamos a Córdoba e à nova casa. Depois foram mais umas 3 horas de arrumações. Um carro repleto que teve de se arranjar num armário de roupa pequeno. Não vale a pena dizer que houve roupa que foram para debaixo da cama em malas...
O jantar foi devorado...já não se comia desde as 13h?! Woow... E depois, por mais interessante que o filme fosse, não havia cansaço que resistisse e lá se fechou os olhos...até hoje.

Agora com mais calma e menos cansada, já posso contar com pequenos e salpicados detalhes como são as coisas por cá.
- As ruas estão repletas de sentidos obrigatórios irritantes, que nos obrigam a ir para zonas opostas à pretendida!
- Não há estacionamento grátis assim fácil...ooooh fácil! Hoje andamos 1 hora para conseguirmos estacionar o carro, e eu diria que, a um quilometro de distância de casa.
- Frutas e legumes, mas especialmente a carne e o peixe, são mais caros que em Portugal. Deixamos 20 euros no carrefour por meia dúzia de coisas para uma humilde sopa e umas poucas refeições de proteínas. Agradeço aos meus sábios pais, que insistiram para que trouxesse tudo quando o carro suportasse... desde a batataria de um quintal inteiro, cebolas aos quilos, massas de todas as cores e tamanhos e arroz de várias qualidades, aos insubstituíveis enlatados e especiarias...
- Choveu praticamente todo o dia, o que não foi certamente a melhor forma de receber os estrangeiros! Um guarda-chuva para dois e deu em partilhar uma molha que poderia ser só de um.
- O pessoal da serviço de intercâmbio da faculdade recebeu-nos muito bem. Falaram a um bom ritmo espanhol para entendermos e tratamos de toda a papelada necessária. Vamos começar por pediatria, como já supúnhamos, e vamos ter de fazer urgências, de dia ou noite"...uuuui, que bom! Adoro saber que vamos ter de sair de casa com o calor que faz em Córdoba para ir para a urgência... -.-
- A nossa colega de casa é muito simpática. Deixou-nos extremamente à vontade e foi muito colaborante. A casa situa-se no centro histórico da cidade, onde as ruas são ruelas de 2 metros de largura. Tipicamente espanhol, os apartamentos têm uma entrada comum para um pátio privado, como os claustros de um convento. A casa em si é pequena, estreitinha mas não lhe falta nada (excepto a torradeira, que compramos hoje, ou não se adorasse comer torradas em Portugal!).

=)