sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Ordem dos Médicos, estudo e afins...

A novidade das novidades: ESTOU INSCRITA NA ORDEM DOS MÉDICOS! Ou seja,  estou perante a lei capaz de exercer medicina em Portugal, sem autonomia. Isto foi uma enorme realização. Tenho um cédula profissional, um nome clínico e ainda.....uma rubrica oficial! Espetacular!
 Nesse dia, cá em casa o discurso mudou. Dantes eu dizia "ainda não sou médica..." agora digo "já não posso dizer que não sou médica", quando o dever chama e querem "consultas rápidas" grátis.

Entretanto já completei mais outra volta ao harry, e já recomecei...
Difícil difícil é quando chega as 16-17horas, em que há um misto de cansaço com uma determinada claridade pouca chamativa que não sei descrever, as dores de costas acumuladas por ter passado todo o dia sentada, algum desconforto no pescoço por ter a tendência para ter cabeça inclinada quando estudo...e durante esse tempo é um enorme sacrifício continuar.
Há momentos pouco realistas que acho que serei eu a próxima pessoa na história a tirar 100% naquele maldito exame...depois essa ilusão desfaz-se quando resolvo perguntas de anos anteriores e vejo que a minha sabedoria ainda não é tão extensa quanto a das pessoas que fazem os exames...e o cansaço é mais cansativo, o dia é mais pesado, e ausência de férias torna-se realmente evidente e digo-me "deprimida"...
Depois esse estado pessimismo dá lugar ao realismo e é quando tenho noção clara das coisas. A grande maioria dos meus amigos diz que não sabe a especialidade que quer seguir. Dessa gigantesca parcela, quase todos gostam de mais que uma coisa e ainda, gostam de coisas com notas tão discrepantes como medicina geral e familiar e oftalmologia. Quando conversávamos sobre isso, havia em mim sempre uma pontada de ciúmes..."Como era mais fácil se eu também gostasse de muitas coisas!" 
Mas a verdade é que a galinha do vizinho parece sempre melhor que a nossa... Desses muitos amigos que falo, há uns quantos que me dizem "que sorte tens tu de saber tão bem o queres, é mais fácil estudar quando se tem um objectivo!". E eles devem ter razão... Eu sou mais uma abençoada que sabe que precisa de tirar mais de 80% no exame para entrar no que quero! Isso só pode ser benção (excepto em comparação àqueles que querem saúde pública ou MGF no Alentejo, que podem tirar 10%...).
Bem, abençoada ou não por isso, quando às 8h15 toca o despertador em pleno "verão", quando os meus pais me perguntam se eu quero ir à praia e eu digo que não, quando vejo a minha irmã a inventar coisas na costura como eu adoro fazer, quando simplesmente vão todos dormir ao domingo à tarde debaixo das árvores do meu pinhal ou quando às 17h me ataca aquela depressiva, eu canalizo as minhas perspectivas de vida. Penso nas mensagens de força que os meus leitores me deixam, penso que o objetivo que eu tenho de ser ginecologista/obstetra é tão certo e orientado por tão lindos sonhos que não pode ficar só nos sonhos, penso que a minha meta não pode ser um motivo de pressão, mas sim de garra.
Há dias que resulta...há dias que não.

Obrigada pelos comentários carinhosos.