domingo, 31 de outubro de 2010

Fotografias prometidas

Tal como tinha prometido, deixo aqui fotografias que já andava a prometer desde o séc. VI a.C.

  •  Praxe no Botânico: o objectivo é testar os caloiros e fazer daquilo uma grande brincadeira. Colocam-se os caloiros na borda de uma grande lado do Jardim do Botânico de Coimbra. Os doutores dizem "saltem" e alguns, os mais espertinhos, saltam para cima. Os mais aventureiros saltam para dentro do lado (cuja agua vai quase ate ao pescoço). Basta um, e apenas um, saltar para a água e todos os outros têm de fazer o mesmo - o chamado espírito de manada. 






Este ano resultou muito bem. Ao primeiro "saltem" mais de 10 saltaram (este ano os caloiros têm um amor à camisola...) e depois os outros saltaram todos sem ser preciso dizer nada! Foi fantástico! À mistura, e para matar as saudades, muitos doutores saltaram também. Depois ficam todos dentro do lado a cantar músicas alusivas ao curso e a Coimbra. Maravilhoso...
Por causa destas coisas, os doutores da praxe são vistos pelos mais novos como "amigos", não como "autoridades severas". E é por isso que a PRAXE em Coimbra é como é: na paz. É verdade que muitos facilitam, nem vestem bem a Capa e Batina, mas a maioria é facilmente chamada à razão e corrige a sua actuação.
No meu primeiro ano nem fui à praxe do Botânico. Detestava a praxe, fugia o quanto podia e acabei por perder imensas coisinhas engraçadas. Só quando me tornei "semi-puto" e agora ainda mais, como "candeeiro", ao receber os novos caloiros, é que percebi que só assim faz sentido. Eles fazem tudo o que lhes mandam, desde as coisas mais estúpidas às mais engraçadas, têm espírito de iniciativa e de manada, e tudo por orgulho ao curso. Aprendi bastante com eles...
  • O meu querido estetoscópio! 
 

  

sábado, 30 de outubro de 2010

Novo blog!

Só para informar, para os mais distraídos, que criei um blog onde colocarei todos os trabalhos manuais que já fiz ou que vou fazendo. 

Espreitem! (ver: hiperligação - coisinhas que faço)

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

WTF?

Ontem, como quem não tem nada de útil pra fazer, andei a ver as vagas que existem para as especialidades médicas no país para os internos que entram este ano. É assustador pensar que cada especialidade tem na maioria das vezes uma vaga ou duas vagas nos HUC ou uma nos Covões, mas tirando isso, assustador mesmo são os programas de especialização, que geralmente englobam 5 a 6 anos de trabalho/estudo e no final aquilo que chamam de "discussão com nunca menos de 2 horas nem mais de 3" com um júri expert na matéria que nos apresenta casos clínicos e nos faz perguntas e tal... E no meio desses anos é suposto se fazer trabalho de investigação e publicar no mínimo 2 artigos científicos, um deles numa revista de renome, e fazer  apresentações em congressos, e passo a citar, "de preferência internacionais"...
 
WTF???

Era uma da manhã quando desliguei as luzes e disse "boa noite" à minha colega de quarto. Hoje eram 8h30 quando o despertador tocou. Desde então tenho estado na cama com o computador a ver radiografias do tórax... Já se enjoa tanta imagem a preto e branco. é necessária alguma imaginação para ver minúsculos nódulos no meio dos pulmões e coisitas assim (mas como não fui pra Artes - embora tivesse pensado nisso - a parte do meu cérebro destinada à Imaginação deve entretanto ter atrofiado).
Lá fora só se ouve uma coisa: o soprar do vento. Dá uma incrível vontade de nos enrolarmos na cama como à imenso tempo atrás estávamos, à espera de nascer. Esquecer pois que se está numa "mini fase de exames" (mini = só 3 exames práticos, um cada semana; numa época de exames verdadeira teríamos prai uns 6 em 2 semanas).

Este fim de semana será prolongado. Tenho de ver mais imagens a preto e branco e fazer mais exercícios porque este exame SÓ vale 4 valores da nota final... Pretendo matar saudades da máquina de costura e simplesmente dormir. Tenho uma pequena encomendazinha (ihihih =P) que depois fotografo e coloco aqui o produto final.

Não sei porquê, mas estou a ouvir Jazz... (e a deliciar-me com o som do saxofone)

sábado, 23 de outubro de 2010

Festa das Latas 2010

É verdade, o 3º ano chegou mesmo e entretanto já estamos na Latada, de novo… É a minha 3ª latada, e já só faltam mais 3. E pra quem ainda não conhece a tradição, aqui fica:

FESTA DAS LATAS:
“Com o objectivo de celebrar o início do ano lectivo e dar as boas vindas aos novos estudantes que chegam à cidade, a Festa das Latas é uma das mais características festas académicas de Coimbra. Mas nem sempre foi assim. Com origens no século XIX, a Latada realizava-se em Maio, quando os estudantes comemoravam efusivamente o término das actividades escolares, utilizando latas e outros objectos igualmente ruidosos. É apenas a partir dos anos 50/60 que a Festa das Latas ganha o formato que hoje conhecemos, com a cerimónia da Imposição de Insígnias, compra do nabo e o seu ponto alto, o Cortejo, onde os caloiros desfilam com as suas curiosas indumentárias e as mensagens satíricas normalmente referentes à realidade académica ou política do país.
Inicialmente, cada Faculdade tinha o seu próprio cortejo, realizado em dias diferentes. Com o aumento exponencial do número de alunos, a partir de 1979, e com restabelecimento das tradições académicas, optou-se por juntar todos os alunos nas mesmas festividades.
A Latada destaca-se também pela activa participação dos núcleos, o que lhe confere um carácter mais familiar do que a própria Queima das Fitas.L.G.
(texto retirado do jornal universitário “A Cabra”)


Tem sido um pouco chocante aperceber-me como de um 1º e 2º ano de Medicina, se dá um salto tão grande ao entrar no 3º. Instrumentos de ordem: Bata branca, caneta e e um pequeno caderno no bolso. Temos de apurar os sentidos e descobrir sinais no doente que nos indiciem um diagnóstico. Temos de decifrar o que nos dizem e traduzir para linguagem médica. Somos totalmente invisíveis para os médicos mais velhos e vistos como médicos jovens pelas pessoas que passam para visitar os seus familiares, pelos doentes…

Há uma semana atrás estive no Serviço de Urgências durante mais ou menos 5 horas. O médico professor pouco tempo nos dedicou, pouco nos explicou. E nós, eu e o meu namorado, ficamos ali, a atrapalhar e a tentar desesperadamente aprender alguma coisa. Vimos fazer uma gasimetria, um toque rectal, uma sutura… Todos os outros doentes que por lá passaram tinham um quadro clínico mais complicado, que não conseguimos acompanhar até ao final por falta de tempo.
 No meio de tantos médicos desocupados (a afluência às urgências é maior durante a noite, inexplicavelmente), uma senhora entrou e dirigiu-se a mim e perguntar coisas sobre o marido que ali estava… Eu fiquei paralisada. Um médico apercebeu-se da situação e “salvou-me”… Foi a primeira vez que fui tratada por “Drª…”

Hoje, pela primeira vez, eu e mais 3 amigos entrevistamos sozinhos um doente internado no Serviço de Medicina Interna. Era simpático, embora pouco colaborante. Ficamos sem palavras muitas vezes, bloqueamos vezes sem conta e ele ali, deitado, olhava para nós com uma certa desconfiança, natural talvez de quem é internado num hospital universitário.

Num próximo post coloco fotografias da PRAXE DO BOTÂNICO deste ano, do meu estetoscopio novinho e outras coisitas…