sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Aprovado!

"Tenho uma boa notícia pra ti..."
"Então?"
"...o novo exame de especialidade foi aprovado, já para as pessoas que estão no 5º ano..."


Sim, foi um excelente notícia. Na verdade foram duas: o exame foi aprovado e nós (alunos do 4º ano) não seremos os primeiros...
Finalmente os finalistas de medicina não vão ser avaliados quanto à sua capacidade de resistência/memorização, mas sim quanto ao que aprenderam, ao que sabem, quando a escolhas práticas que fariam em situações reais.

Não posso negar que isso também me deixa nervosa. Em vez de sairem 5 capitulos do Harrison, teremos de saber toda a medicina interna, cirurgia, pediatria, medicina pública e ginecologia/obstetricia... Tambem pelo facto de ser mais abrangente, deixa de ser demasiado específico.
Eu foz a prova piloto e gostei muito. Não sabia responder a mais de 70%, porque sai toda a matéria do 3º, 4º e 5º, mas o estilo pareceu-me muito bom. São apenas casos clínicos: nuns temos de dizer o diagnóstico, noutros temos de escolher o que fariamos primeiro (ex. quais os exames complementares de diagnóstico a pedir), noutros o tratamento...

Também admito que toda esta bomba me fez sentir uma enorme vontade de estudar, começando pelas cadeiras que não gosto, e às quais não dei tanta atenção ao longo do ano...

Em resumo: a partir deste momento tenho aproximadamente 3 anos pra me preparar pra um exame que vai decidir qual a especialidade que irei seguir, e onde sai toda a clínica do curso de Medicina!

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Bastonário dos médicos alerta que não vai haver vagas de especialidade suficientes

O bastonário da Ordem dos Médicos alertou esta segunda-feira que no próximo ano não haverá vagas de especialidade suficientes para todos os licenciados em Medicina, defendendo que não deve haver mais cursos do que os actuais.
«No próximo ano vai haver licenciados a mais para o número de vagas de especialidade que conseguimos encontrar nos serviços públicos», afirmou José Manuel Silva aos jornalistas à margem de uma cerimónia de entrega de prémios de mérito, indicando que «o Serviço Nacional de Saúde está a ser emagrecido», com menos postos de trabalho e de formação para clínicos.
José Manuel Silva afirmou que «o curso de medicina de Aveiro não deve abrir», argumentando que «o Conselho Geral da Universidade do Porto disse que o curso não tem qualidade» e que a sua abertura foi apenas «uma decisão política» sem estar fundamentada em qualquer pressuposto técnico ou científico.
«Já temos médicos com dificuldade de empregabilidade, nos próximos anos teremos médicos sem emprego», vaticinou, acrescentando que, enquanto os empregos vão faltando, o 'numerus clausus' dos cursos de medicina «aumenta absurdamente».
Assim, há que começar a pensar no que fazer «com os jovens licenciados que não vão conseguir entrar na especialidade e ter autonomia para a prática médica», muitos dos quais «terão que emigrar» para conseguir trabalhar.
O bastonário afirmou que o excesso de médicos indiferenciados «é mais penalizador para os doentes do que a falta de médicos» e que clínicos a mais significarão no futuro «uma baixa de qualidade da medicina praticada e a mercantilização dos doentes».
«A sociedade tem que discutir se quer preservar a qualidade do Serviço Nacional de Saúde ou se o quer transformar num mercado puro e duro em que será sempre o doente o elo mais fraco que sofre as consequências», defendeu.
Lusa/SOL

Tinha mesmo que transcrever esta notícia porque me ficou entalada na garganta, como se costuma dizer. Não consigo engolir e calar que Portugal tenha deixado que o "mercado" da Medicina esteja a esgotar, tal como aconteceu com os professores, com os enfermeiros, agora com os farmacêuticos... Andamos 6 anos a estudar, perdemos a nossa juventude a tirar um curso difícil e no final o mínimo que podemos esperar é haver vagas para todos se especializarem! Já nem digo, "especializarem no que gostam", mas sim especializar, somente... Um outra noticia noutro jornal veio dar conta de que para o ano cerca de 200 recém mestrados em medicina vão ficar sem vaga. Daqui a dois anos deverão ser mais e depois quanto mais anos passarem, mas falta de vagas se vai notar!  Fazendo as contas e zelando para que tudo corra bem, só em Janeiro de 2016 entrarei numa especialidade...não quero imaginar como estará Portugal nessa altura...
E o problema é grave que se fala em emigração...porque de facto depois de um ano comum continuamos sem autonomia clínica! E como mais vale prevenir que remediar, não deixo essa hipótese de lado!

sábado, 24 de setembro de 2011

Reiki nível 1

Hoje foi o grande dia em que tirei finalmente o nível 1 de Reiki!

Durante a manha, enquanto o mestre explicava os princípios do Reiki e falava um pouco sobre eles, senti que tinha de mudar a 100% para conseguir um dia tornar-me uma boa Reikiana... Tudo o que sou, é o perfeito oposto do que se deve ser!

"Só por hoje.... sou calma (calma? eu? mais nervosa e ansiosa não existe)
                        sou confiante (confiança?...não...sinto-me sempre uma formiga)
                        sou grata (vá, este eu sou, todos os dias..vá...quase sempre)
                        trabalho duro e com entusiasmo (tirando as vezes que me entrego à preguiça...)
                        sou compassiva para com os outros (vá.... este talvez passe)"

E é isto que vai custar muito: Reiki não é uma terapia, é uma arte e pressupõe um rearranjo mental que na maior parte das vezes vai contra tudo aquilo que é mais prático e cómodo ser. Não se baseia somente na imposição das mãos. Na verdade, esta é apenas um dos 5 elementos do Reiki.
E hoje praticamos 3/5 elementos e concretizamos 1/5. O outro que falta aqui nesta contagem só se aprende no Nível 2.
O elemento que concretizamos hoje foi o Reiju, que quer dizer "sincronização" ou "bênção do mestre". Foi dos momentos mais únicos do dia. Cada um de nós sentou-se numa cadeira no centro do grupo e foi "desbloqueado" e introduzido ao Reiki. As mãos do mestre cheiravam a lavanda e ferviam e mesmo Sem me tocar consegui sentir esse calor e essa paz... Depois de todos nós estarmos sincronizados, voltamos a praticar e os resultados foram verdadeiramente diferentes!
Mais no fim praticamos uns nos outros, aos pares e esse foi outro momento auge do dia. Ao tocar na cabeça da colega a quem estava a fazer Reiki, senti as minhas mãos arderem... Mas só nesse ponto. Em todos os outros, senti-as quentes, mas não assim. Quando terminamos contei-lhe o que tinha sentido e ela disse ter sentido o mesmo.... E aquele calor era devido a quê? A harmonização da energia da cabeça, que por estar bloqueada fazia com que ela frequentemente tivesse enxaquecas! ADOREI!
Outro rapaz, ao fazer a imposição das mãos no pescoço do seu par começou a sentir dores no seu próprio pescoço. No final viemos a saber que a sua colega acordava todos os dias com dores nessa região e o mestre explicou que sentir momentaneamente a dor de alguém é a forma particular de sabermos que estamos num ponto bloqueado!

Enfim...
Agora tenho que agarrar nisto a sério: praticar pelo menos 2x/dia...
Lá se vão os meus 15 minutos preferidos se sono... aqueles imediatamente antes do despertador tocar! Mas como disse o mestre, "mais vale perder 15 minutos de sono, do que um dia inteiro" (isto para explicar que um Reikiano que não pratica, acaba por deixar que a sua energia enfraqueça, o que pode ser perigoso por si e destrutivo para os outros).

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Regresso a Casa (continuação)

E tudo voltou, hoje, às 7h30, hora a que o meu despertador tocou. Voltou o entusiasmo, o medo de falhar, os planos de estudo, as horas com os amigos, as voltinhas pela cidade, o sonhar... EU voltei, para o 4º ano!
Chegar à sala e encontrar as caras conhecidas foi o mais fácil. Encarar o discurso do professor de Epidemiologia sobre a audácia para sermos melhores, sobre as consequências do comportamento, e passo a citar "na política, na cultura, no social, no económico, no comportamental, no desenvolvimento" e em tudo o que queiram imaginar foi chocante. Ele tinha razão: somos mais velhos, demos mais um passo e daqui a nada somos médicos... Esta é a ideia que assusta e fascina todos os alunos de Medicina: a ideia de responsabilidades acrescidas a cada novo ano...
Consegui também finalmente organizar as minhas ideias quanto à minha tese de mestrado: definitivamente não vou fazer investigação, não quero ser rato de laboratório. Por muito interessante que pudesse vir a ser o meu tema, teria sempre de todos os dias ir repetir o mesmo: pipetar quantidades minúsculas disto e daquilo para ver o que acontecia e colocar na incubadora e bla bla bla... Decidi que vou fazer um relatório sobre alguma experiência interessante. Tenho duas em mente, e as oportunidades dirão qual a melhor.
De resto nada mudou: Coimbra continua igual, com o mesmo espeírito, o mesmo ambiente... Gostei de regressar a casa.

sábado, 3 de setembro de 2011

Regresso a Casa


Após uma semana em Vila Cova de Alva para umas férias tranquilas volto a casa. Pijama, filmes, sandes de queijo e costura vão preencher a última semana da pausa de verão. Depois, e só depois, regresso a casa. Irei voltar para a cidade que me acolhe durante todo o ano, para aquelas praças cheias de pessoas novas, prontas para começar um curso. Para a faculdade que, de velhinha, já quase só recebe turistas. Nós, os estudantes, voltamos para o Pólo III, das Ciências da Saúde, bem perto dos Hospitais.
Mas não sei ao certo se estou preparada. De Vila Cova dei um salto a Coimbra para tratar de assuntos burocráticos antes de fazer a viagem para o Porto. Ao entrar na cidade não senti alegria nem aquele “home, sweet home!”, mas também não me senti desconfortável ou pressionada. Creio que esse é o efeito do passar dos anos… Já sei de cor todas as ruas e cruzamentos, sei as horas a que passam os autocarros que mais uso, conheço o tipo de pessoas que lá se encontram e sei que dia da semana estou pelas pessoas e carros que se encontram na rua. Aproxima-se o 4º ano em que lá vivo.
De qualquer forma, uma coisa é certa: não trocava aquela cidade por nenhuma outra para estudar e para viver. É, de facto, a Cidade dos Estudantes e apesar de esta semana não ter sentido aquela alegria, sei que no próximo sábado irei sentir que estou a regressar a casa.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Encontrar a paz

Nestes últimos tempos a minha mente tinha andado a debater-se entre aquilo que sou capaz e aquilo que tenho de conseguir no curso. E a distância entre estes dois parâmetros era enorme. Não me sentia com capacidades (e entenda-se aqui capacidades = meios, seja através de nós mesmos, através da ajuda dos outros, etc) para ultrapassar os novos e mais difíceis obstáculos que se avizinham.  A isto os médicos chamam de Distress e é um dos grandes problemas da actualidade. Por outras palavras, é o "mau stress".

De facto estudar Medicina não é fácil. Têm total razão os que dizem "é um curso muito grande...é preciso saber muito e estudar muito...". Sim, é verdade, mas acho que o mais difícil não são os conceitos científicos, não é o facto de termos de saber um livro por cada cadeira, mas sim as dificuldades acrescidas que temos de passar para conseguir passar a uma cadeira. Como já expliquei em anteriores posts, no próximo ano esperam-me orais a praticamente todas as unidades curriculares e eu não sei, de todo, domar os meus nervos, a minha insegurança e não sei esconder o que sinto, porque na maioria das vezes as lágrimas querem soltar-se ali mesmo, à frente dos professores, não para terem pena de mim, porque isso não existe na faculdade nem eu me rebaixaria desse modo, mas simplesmente porque não sei controlar os meus nervos.

Como ainda terei pela frente dezenas de orais e outras situações de grande distress, a minha fraca mente tinha vindo a elucidar-me a desistir do curso. Seria tudo bem mais fácil! Ontem abracei outra ideia: desistir não pode ser opção! Adoro Medicina! Vou para o 4º ano! Não dá pra abandonar assim o sonho só porque o caminho é árduo!!!

A resposta chama-se Reiki e vou iniciar a minha formação em Coimbra no próximo dia 24 de setembro. "Reiki é o método de cura mais antiga e simples do mundo. Cura-te a ti próprio, com a luz das tuas mãos." O curso que vou fazer engloba Reiki e Karuna e espero assim aprender técnicas que me façam conseguir encontrar a calma que necessito na minha vida académica e aprender filosofias de vida que me encaminhem para uma vida de ajuda aos outros e paz interior.

                                        

domingo, 17 de julho de 2011

Férias & Leitura

Se há coisa que detesto nas férias, é não ter amigos nem o namorado na terrinha... Todas essas pessoas ficam em "stand by" à espera que a faculdade recomece. Sou obrigada a inventar todos os dias para esconder-me da solidão e do aborrecimento. Nem sempre é fácil... Poderia sair, mas com quem? Poderia ir à praia, mas sozinha?
Para evitar tardes desperdiçadas em nada, decidi que este verão me vou dedicar à leitura, juntamente com os projectos que vou construindo na costura, que não podem faltar claro!

Se há áreas sobre as quais adoro ler, psicologia é uma delas. Fascina-me perceber a essência  do comportamento das pessoas, a forma como agem e reagem a determinados estímulos externos, aos outros seres humanos. Adoro ouvir alguém e puder ajudar com palavras, especialmente se para perceber o que nos estão a dizer for preciso conhecer o interior dessa pessoa. Adoro observar.
Alguém que não conhecia mas que passei a admirar disse num seminário de neurociências que tive este semestre: "o ser humano é o seu cérebro e toda a informação que ele armazena e codifica". E eu acho exactamente isso: somos como somos porque crescemos onde crescemos, porque os nossos pais são quem são e nos deram uma determinada educação e valores. Temos medos nem aos olhos dos outros são perfeitamente ultrapassáveis e sem nexo, mas a verdade a cada um de nós, na sua medida, tem esses medos devido à primeira infância, na maior das vezes. Sentimos medo da água e do escuro sem saber porquê, mas informação de que a água ou o escuro nos magoaram no passado e por isso é melhor guardar receio ficou gravado algures no nosso cérebro e não se perdeu.

Bem, mas voltando aos livros:
Terminei recentemente o livro Acolher a Morte e apesar de não ter sido o melhor livro que já li, aconselho-o a todos aqueles que inevitavelmente contactarão com a morte mais vezes do que desejariam ao longo da sua vida, por exemplo devido à sua profissão: médicos, enfermeiros, auxiliares... Ajuda-nos a perceber verdadeiramente o que sentem os doentes terminais e o que desejam que se faça ou diga. Posso partilhar que muitas vezes pensei "Não fazia ideia que sentiam isto." Foi escrito por uma psiquiatra.


Entretanto, e porque não gosto de ler sempre o mesmo livro, prefiro ir alternado, fui à FNAC para me render aos encantos de um livro que tinha visto pela primeira vez esta 4ª ou 5ª feira.
Chama-se Psicanálise e é tudo o que sempre quis ler. Gastei um dinheirão para o comprar, mas os temas que aborda são exactamente alguns dos aspecto que referia à pouco acima, sobre a compreensão das pessoas. Fala dos sonhos, dos medos, fantasias, homossexualidade, adolescência, o eu inconsciente e muitas outras coisas... São 830 páginas sobre as teorias de Freud e a forma como ele chegou até elas, que vão certamente deliciar-me.

O livro que escolhi para alternar com este último é também um livro de psicologia que já tinha começado a ler, mas que coloquei de lado devido às tarefas da faculdade. Intitula-se A Vantagem de Ser Mulher e estava a gostar de me perceber um pouco mais.
 

Mas porque perceber as pessoas, mais em concreto as mulheres, não é nem pode ser só psicologia, aqui fica um dos livros que mais gostei de ler até hoje, escrito por uma médica e que nos fala sobre o comportamento desde meninas a mulheres, não esquecendo nenhuma fase do desenvolvimento, onde relata de forma clara mas científica o que é importante, o que é prioridade no cérebro e a forma como ele se molda ao longo da vida. O Cérebro Feminino. Falta-me ainda ler O Cérebro Masculino.