quinta-feira, 13 de setembro de 2012

(em resposta aos comentários)

REACÇAO À MORTE

É verdade que sobre morte, sobre assistência ao doente e à família nos últimos momentos de alguém, pouco se fala, quer social quer academicamente. A maioria das pessoas, eu inclusive, prefiro adiar a realidade de que poderemos todos morrer de um momento para o outro.
Li algures nalgum sítio que o cérebro só aceita a ideia de morte se lhe for apresentada como algo que nos foi roubado (um acidente, um assassinato, por exemplo)...
Mesmo quando as pessoas têm doenças terminais e recebem visitas nos últimos dias, ninguem fala o mais óbvio... Ninguém pergunta "estás com medo?", nem ninguém suporta ouvir: "ouve, preciso preparar as coisas...testamento e isso"...

Alguém me perguntou num recente comentário como eu tinha lidado com aquela situação que relatei aqui, em que tive de fazer reanimação cardio-respiratória a um senhor em situação de emergência, que acabou por falecer. É, sem dúvida, uma questão pertinente.

A minha resposta é: por vezes ainda me recordo da face do senhor... Consigo descrever cada pormenor daquele quarto e daquele aparato - marcou-me, certamente. Nunca tinha visto ninguém a ser declarado "morto" ali, à minha frente, com a família na sala do lado, ainda na esperança. Nem nunca tinha feito uma tentativa tão invasiva, tão urgente, tão "médica" para salvar alguém... Não estava sozinha e isso foi um enorme motivo de segurança - embora tivesse treino e conhecimentos para realizar as manobras sozinhas, numa rua, se fosse preciso.
Não posso dizer que isso me afecte hoje em dia, pelo menos directamente, porque a minha vida continuou de forma natural. Ficou uma marca pessoal, como se alguma coisa na minha experiência me lembrasse que não poderei salvar todas as pessoas...

Agora divagando um pouco, eu creio que o sentido de morte e de nascimento varia muito de pessoa para pessoa, consoante as suas ideias, crenças religiosas, etc... E eu, tendo uma filosofia de vida e de morte pouco ortodoxa, creio que consigo entender que tudo não passa de um ciclo...


SOBRE A MINHA TESE DE MESTRADO

Não sei em que ano estás, mas se estiveres nos primeiros creio que não tens de te preocupar com isso agora... Ao longo do curso vão surgindo muitas matérias, muitas áreas de investigação e nasce um interesse natural. Pelo menos comigo foi assim. Eu queria fazer uma tese na área da psiquitria e pensei em algo concreto e até propus a um professor meu que fosse meu tutor. Ele achou que fazer um artigo cientifico sobre o tema do meu interesse seria complicado e ficou tudo em stand by. Passado algum tempo recebi um convite feito por uma amiga para trabalhar exactamente naquilo que tinha imaginado. Creio que mais uma vez, fui dotada de sorte.


Fiquem bem,
Obrigada pelos comentários!

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