Pois bem, neste post vou deixar que os dados da direcção geral de ensino superior falem por mim, apenas para que possam reflectir sobre o assunto mais falado e mais polémico da Medicina nos últimos tempos...
É incrível de facto o estado do nosso país, o estado em que está o SNS e a falta de garantias de trabalho para os nossos estudantes. Muitos pensam que os médicos foram sempre privilegiados e falam da greve de 11 e 12 de Julho como um capricho da classe médica, não percebem que esta situação afecta e muito os doentes e por isso todo o país.
Gostava de saber a tua opinião, achas que o acalmar da crise poderá trazer mais garantias aos estudantes e aos futuros estudantes de medicina?
Olá! Desculpa só responder agora, mas a época de exames deixa pouco tempo para vir ao computador...
Olha sobre isso eu tenho uma visão muito pessoal e algo pessimista: acho que Portugal nunca vai sair da cepa torta, como se diz no norte... Depois desta crise, que ainda demorará a passar, poderão vir tempos de bonança, mas que depois irão acabar e voltaremos ao mesmo. Porque se não a mentalidade, não pode mudar o pais. Actualmente e cada vez mais mais vemos os jovens a ir para a faculdade. Isso trás uma falsa noção de segurança, porque ter jovens formados não é sinónimo de ter bons profissionais, de pessoas com visão, que se dediquem a não roubar o estado... Depois temos toda uma conjectura política que não mudará muito... quem chega a 1º ministro faz muitas promessas, mas ao entrar vê que a realidade é outra, ou revela a verdade realidade, e não consegue ou não se dedica a assegurar o bem estar dos outros. Quando finalmente começam a fazer algo de jeito, vêm novas eleições e começamos do zero. Ontem ouvia um prof meu dizer algo que me espantou: o dinheiro que gastamos numa eleições políticas dava para sustentar uma família real durante 100 anos... Já para não falar que os filhos dos reis, começam a ser preparados para a sucessão do trono desde que nascem... Devem saber mais de economia e política do que qualquer candidato que portugal possa ter.... Mas isso já é fugir ao tema.
Sendo directa: não, não acho que isto vá melhorar ou que a crise resolva os problemas todos. "As regalias" que os médicos estão a perder, dificilmente voltarão a ter... As horas de trabalho semanais aumentaram, as horas extras estão a ser muito menos remuneradas... se um dia chegarem a um hospital e não tiverem médicos suficientes para atender os doentes em tempo útil, não se poderão admirar... Creio que se esqueçam muitas vezes que os médicos são pessoas, têm família, uma casa, e um cão como as outras e que muitas vezes abdicam disso tudo, para cobrir uma urgência... Creio que andaremos sempre nisto, nesta situação que nem meio termo é... Há países onde todas as despesas de um médico no internato são pagas, como os países nórdicos - Dinamarca, por exemplo. Desde o lápis, aos livros de estudo, todas as despesas para congressos nacionais e internacionais, estetoscópio..tudo... Em Portugal, queres ir a congresso, pagas! Etc etc etc... Acho que estão a afugentar os médicos. Alías, o conselho do Presidente da Ordem dos Médicos aos alunos de Medicina que estão agora no 6º ano foi exactamente esse: emigrar!
É incrível de facto o estado do nosso país, o estado em que está o SNS e a falta de garantias de trabalho para os nossos estudantes.
ResponderEliminarMuitos pensam que os médicos foram sempre privilegiados e falam da greve de 11 e 12 de Julho como um capricho da classe médica, não percebem que esta situação afecta e muito os doentes e por isso todo o país.
Gostava de saber a tua opinião, achas que o acalmar da crise poderá trazer mais garantias aos estudantes e aos futuros estudantes de medicina?
Olá!
ResponderEliminarDesculpa só responder agora, mas a época de exames deixa pouco tempo para vir ao computador...
Olha sobre isso eu tenho uma visão muito pessoal e algo pessimista: acho que Portugal nunca vai sair da cepa torta, como se diz no norte... Depois desta crise, que ainda demorará a passar, poderão vir tempos de bonança, mas que depois irão acabar e voltaremos ao mesmo. Porque se não a mentalidade, não pode mudar o pais. Actualmente e cada vez mais mais vemos os jovens a ir para a faculdade. Isso trás uma falsa noção de segurança, porque ter jovens formados não é sinónimo de ter bons profissionais, de pessoas com visão, que se dediquem a não roubar o estado... Depois temos toda uma conjectura política que não mudará muito... quem chega a 1º ministro faz muitas promessas, mas ao entrar vê que a realidade é outra, ou revela a verdade realidade, e não consegue ou não se dedica a assegurar o bem estar dos outros. Quando finalmente começam a fazer algo de jeito, vêm novas eleições e começamos do zero.
Ontem ouvia um prof meu dizer algo que me espantou: o dinheiro que gastamos numa eleições políticas dava para sustentar uma família real durante 100 anos... Já para não falar que os filhos dos reis, começam a ser preparados para a sucessão do trono desde que nascem... Devem saber mais de economia e política do que qualquer candidato que portugal possa ter.... Mas isso já é fugir ao tema.
Sendo directa: não, não acho que isto vá melhorar ou que a crise resolva os problemas todos. "As regalias" que os médicos estão a perder, dificilmente voltarão a ter... As horas de trabalho semanais aumentaram, as horas extras estão a ser muito menos remuneradas... se um dia chegarem a um hospital e não tiverem médicos suficientes para atender os doentes em tempo útil, não se poderão admirar... Creio que se esqueçam muitas vezes que os médicos são pessoas, têm família, uma casa, e um cão como as outras e que muitas vezes abdicam disso tudo, para cobrir uma urgência...
Creio que andaremos sempre nisto, nesta situação que nem meio termo é... Há países onde todas as despesas de um médico no internato são pagas, como os países nórdicos - Dinamarca, por exemplo. Desde o lápis, aos livros de estudo, todas as despesas para congressos nacionais e internacionais, estetoscópio..tudo... Em Portugal, queres ir a congresso, pagas! Etc etc etc...
Acho que estão a afugentar os médicos. Alías, o conselho do Presidente da Ordem dos Médicos aos alunos de Medicina que estão agora no 6º ano foi exactamente esse: emigrar!