quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

(Em resposta ao último post por "Anónimo")

(Em resposta ao último comentário por "Anónimo")

Para a próxima, deixa um nome, gostava de saber pelo menos isso de quem me segue.

Em relação à tua opiniao, ainda ontem a propósito não sei de quê disse "eu devia era ser budista"... Mas a verdade é que somos desde pequenos encaminhados num rumo e torna-se difícil lutar contra algo que, por ser tão antigo quanto nós, nos parece correcto. Acho que o mais importante e, por isso, o comum a todas as religiões é o auto-crescimento. Todas elas visam isso, mas chamam-lhe coisas diferentes: "vida eterna", "paraíso"... Muito mais que seguir uma pessoa, no meu caso, Jesus, acho que o maior é seguir a tal filosofia de que falavas, o modo de viver, de agir, de estar no mundo com os outros... Mas de facto, um dos motivos que me leva a desejar viajar é essa sede de conhecer mais visões, mais formas de ser melhor... Já me lembrei de fazer Yoga e Reiki e essas cenas todas, mas não tenho ainda nem tempo nem dinheiro para isso. Por isso vou fazendo aquilo que acho bem, dentro das minhas possibilidades: vou aos Domingos ouvir um padre que por ser tão humano, me parece um bom exemplo. Poderia ser um Pastor, ou um Budista ou outra coisa qualquer, mas vivemos em Portugal, onde a fé Católica vence.

Em relação à Medicina: 
Acho que não deves temer ter de declarar a morte de alguém, porque se tudo correr bem, isso só acontecerá quando de facto já nada se pôde fazer para salvar essa pessoa...  Eu ando no 3º ano de Medicina e sinto que já fui "treinada" para algumas situações de emergência, mas muito pouco. Mas ainda me faltam mais 3 anos de curso + 1 ano comum + 4-5 anos especialidade... Passas anos e anos a estudar: e estudar aqui entenda-se "estudar teoria por livros" e "treino prático"... Além disso, trabalha-se em equipa, na maior parte dos casos. O que quer dizer que salvar ou nao salvar uma pessoa, será uma tarefa que só te será proposta daqui a muitos anos, e até lá terás alcançado a maturidade, experiência e confiança necessários para lidar com a situação. 
Além disso, existem especialidades médicas que estão mais privadas do contacto com as pessoas, como as de diagnóstico: Imagiologia, Anatomia Patológica. Eu não me sentiria realizada em exercer uma dessas especialidades, porque além da ciência, o que me liga a Medicina são as pessoas, o prazer que tenho em falar com elas, em descobrir através dos seus sintomas a sua patologia, como quem constrói um puzzle, mas é um caminho válido.
Acho que não deves desistir dessa ideia, se realmente sentes que isso te faria feliz. Cada novo passo que damos sentimo-nos mais capazes. A cada novo caso clínico, ficamos com mais vontade de estudar para saber o que deveria ser feito para ajudar aquela pessoa. O 3º ano tem sido maravilhoso nesse aspecto: é o ano em que se contacta a primeira vez com a realidade clínica: vamos para as urgências com médicos mais velhos e ficamos a olhar, a registar tudo na mente; nas aulas de Propedêutica vamos para as enfermarias falar com doentes, aprender a dirigir uma história clínica; depois ensinam-nos a fazer o exame físico - todas aquelas manobras que fazem connosco para ver se temos isto ou aquilo... Ontem estive a palpar o abdómen da minha irmã e da minha mãe... Fiz-lhes tudo o que me lembrei. Depois fiz a percussão e só não auscultei porque deixei o estetoscópio em Coimbra... E senti uma alegria que não sei descrever! Vou fazer aquilo pro resto da minha vida, e sinto que vale a pena!
Segundo o que li em alguns sites, estudar em Espanha e depois vir exercer em Portugal dá bastantes problemas, são precisos fazer testes de reconhecimento. Acho que seria  melhor aplicares-te muito agora e entrar em Portugal, nem que seja como disseste na Academia Militar, que também é uma boa opção, embora seja exigido mais de ti.

Em relação ao Erasmus: Salamanca é a minha primeira opção. Mas o que mais me assusta é não serem reconhecidas as equivalências e ter de perder uma ano. Erasmus é óptimo, mas acho que não compensará de ficarmos para trás. Coimbra, nessas coisas, não facilita. Apesar de estar em vigor "Bolonha", os senhores professores catedráticos gostam das coisas à antiga e, por exemplo, ninguém tem equivalência a Anatomia, nem mesmo o Papa, e nem que a tenha feito em Oxford! Todos têm de fazer oral com o sr. prof. Bernardes e mais nada! Isto é só um exemplo, porque se for de erasmus será no 5º ano, visto que para o ano o concurso já terminou, e a Anatomia é no 1º ano!

Obrigada por teres partilhado um pouco de ti!

7 comentários:

  1. A influência familiar é importantíssima. Aos 7, fui influenciado a seguir a Igreja Católica. Como!? A minha mãe deu-me um crucifixo, era novo na altura agarrei-me àquilo com todo o entusiasmo de sempre, aos 9 deixei o crucifixo e agarrei-me à estrela de david dada pelo meu avô, tudo aquilo originou uma confusão religiosa absolutamente inacreditável e ainda até à pouquíssimo tempo estava confuso quanto à religião a seguir. Fui baptizado, o que hoje em dia considero um crime visto que com 3 anos não tinha a mínima percepção do que era a Igreja, aos 13 ainda pensei fazer o Bar Mitzvah que é a tradição judaica de passagem espiritual de criança para homem, mas não fiz e ainda bem. Hoje tenho aquilo a que chamo LIBERDADE RELIGIOSA, podiam-me chamar Agnóstico ou Ateu mas a realidade é que acredito em Deus, por muito que não o chame assim - prefiro encará-lo como uma força superior que nós ainda somos demasiado primitivos para entender - não tenho regras impostas por uma religião e mais interessante que isso posso adquirir qualquer outra informação religiosa sem estar a trair os meus próprios ideais religiosos . Entretanto, quanto à Medicina, um dos meus maiores obstáculos é: "Já me lembrei de fazer Yoga e Reiki e essas cenas todas, mas não tenho ainda nem tempo" a história do tempo mata-me por completo, eu gosto de ter tempo para mim: para me sentar a ver as minhas séries fúteis e fantasiosas, para sair à noite, para fazer desporto, para os amigos, para a família e claro para uma alma gémea ! No entanto, com a medicina isto parece-me extremamente longíquo, é que é preciso um estudo tão constante que tremo não de pensar em conseguir média mas sim em estar na faculdade, e eu + estudo não são palavras perceptíveis no meu pequeno dicionário de vida, eu odeio estudar e sim, sou um aluno notável com boas notas mas não comparemos pequenos conceitos teóricos de cultura geral, como os que estou a dar agora com os de Medicina. Não sou o típico estudante marrão, aliás eu nem sequer consigo sentar-me na secretária a estudar, tudo o que sei, é por memória auditiva e visual, ainda assim consigo óptimos resultados para a minha faixa etária. Até há pouco tempo queria ver se ingressava em Anatomia Patológica Experimental hoje estou um pouco virado para Cirurgia mas a ver vamos o que o destino me aguarda e consequentemente se os meus gostos ainda mudarão. A questão do curso ser muito demorado tambem me mantém um pouco aquém do que gostaria. Pelos anos que falou e pelo que me têm vindo a dizer, (6 de curso e mais 4 de especialidade !?) aos 28 tenho o curso feito não!? Quando integramos o mercado de trabalho, ou seja quando temos um salário efectivo!? Não tenho problemas económicos, o que é óptimo mas quero começar a minha vida autónoma cedo e sei que Medicina não é propriamente um curso aonde possamos estudar e trabalhar num part-time por exemplo. Além da anatomia patológica tambem já pensei em biomedicina mas química analítica não é o meu forte e sim o envolvimento "moral" digamos assim, com os pacientes tambem me entusiasma. Bem, já o Erasmus é somente uma opção sua, eu pessoalmente acho uma experiência de louvar mas com o não-reconhecimento das equivalências é de esquecer mesmo. Acho que ao invés do Erasmus, vá juntando dinheiro para um bom inter-rail ou uma viagem com um grupo de amigos a algum país europeu.. Ah e já agora ao invés da Yoga, isto é, quando tiver tempo e dinheiro, procure por Shorinji Kempo, além da defesa pessoal muito eficaz tem a tal filosofia de que falei, meditação, o convívio inovador e aquela dinâmica de família acolhedora que tanto gosto de sentir ! Aqui vai o meu face, caso necessite de alguma coisa, estarei sempre apto para ajudar: http://www.facebook.com/photo.php?fbid=112571502147853&set=t.611146449#!/profile.php?id=640749782
    As maiores felicidades, e desejo-lhe o melhor desempenho na sua função como médica.

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  2. Hei! Não me trates por "você" que sou um menina muito jovem ainda!!! ;P

    sim de facto assusta dizer curso=6+1+5/6...lol eu entrei "no tempo certo", com 18 anos. Serei médica especialista, se nao perder nenhum, aos...30. lol assusta mesmo mas a realidade não é assim tão pesada!!! 6 anos de curso ninguem tos tira! nos no "sétimo ano", já es médico e estás no chamado "ano comum" e ganhas dinheiro. ou seja, em Janeiro de 2015 irei receber o meu 1º ordenado, se tudo correr bem. Nesse ano passas por mais ou menos 6/7 especialidades, estas em média 2 meses em cada: Pediatria, medicina interna, cirurgia geral (e nao me lembro do resto). MAS JÁ GANHAS O TEU DINHEIRO. No ano seguinte entras para a especialidade e vais vivendo e aprendendo... Aquilo que se diz de "estudar para a vida inteira" é apenas uma forma de dizer que, com os avanços da tecnologia e ciencia, os médicos têm de ir a congressos, fazer investigação ou coisas assim, para se irem actualizando. E claro, no final da especialidade tens um exame, por isso convém ir estudando um pouco, mas ai considero a experiência muito mais importante.

    quanto ao tempo: acho que no meu caso é mais falta de dinheiro para investir em mim do que de tempo. é preciso estudar muito nos exames e os excelentes alunos estudam todos os dias... eu sou um misto: quando preciso de estudar, estudo, mas tambem saio, tambem faço jantares para os amigos, tambem passo tempo a ver séries e a "não fazer nada"... há sempre tempo, basta existir organização!

    não ligo muito aos facebooks mas tambem deixo os meus: http://www.facebook.com/home.php#!/profile.php?id=1304135292 e...http://www.facebook.com/home.php#!/profile.php?id=100001873423596

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  3. Se não te importares, tens msn!? eu dou-te o meu para irmos falando melhor, isto é se te interessar e se não estiver a ser muito incoveniente. É que aqui o diálogo não é tão fluente.
    estudante_david1239@hotmail.com

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  4. Uma rajada de bons posts em que falam de religião e medicina. Curiosamente, hoje, surgiu esta noticia:

    http://www.publico.pt/Mundo/igreja-catolica-desligase-de-hospital-dos-eua-por-aborto-que-salvou-uma-mulher_1472180

    Qual a tua opinião, Juliana? Quando a Igreja e a Ciência surgem em conflito, qual prevalece sobre qual?

    Beijinho

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  5. ihih vamos fazer disto uma zona de debate, ja estou a ver...

    olha eu acho que depende das situações... eu acho que a ciencia e a religiao falam das mesmas coisas, mas de formas diferentes, porque somos espirito e biologia. se a gravidez não fosse conseguida ser levada ate ao fim nao faz qualquer sentido arriscar a vida da mae tambem, o que deveria ser o caso, porque ela poderia morrer a qualquer hora e o feto poderia nao nascer a tempo, mesmo com ajudo dos medicos...

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  6. quero somente deixar um adendo em relação ao post: quem conclui o curso de medicina em Espanha, não necessita de "testes de reconhecimento", como te referes. A ideia de bolonha é que o teu curso possa ser reconhecido na União Europeia, e de facto, assim acontece. Quem volta a Portugal somente tem que realizar uma "prova de comunicação médica", onde tens um paciente que te conta determinados sintomas e tu tens que ser capaz de compreendê-los. Basicamente, como se descrevesses a Hª Clinica. De resto, o processo é igual a um estudante saido de uma universidade portuguesa.
    Em relação ao teu comentário, só quero completar um pequeno ponto: no Ano Comúm passas por cinco especialidades: Medicina Interna, Pediatria Ginecología, Medicina Familiar e Cirurgia Geral.
    Para terminar, permite-me um conselho de conhecedora: se quiseres mesmo fazer ERASMUS, não escolhas Valladolid. É das faculdades espanholas mais dificeis, sem direito a exame especial por ser de ERASMUS. Acabas por ficar com notas que não correspondem ao nível que tens normalmente.
    Desejo-te muita sorte para o curso!

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  7. Bem, obrigada pelas informações. :S

    Bom natal!

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