sábado, 5 de outubro de 2013

Tese de Mestrado

Nunca antes me tinha acontecido ter de ficar sem almoçar para conseguir terminar alguma coisa, nunca fui pessoa de deixar as coisas para os últimos minutos, mas para tudo há uma primeira vez, dizem. Ontem foi o dia em que tive de trocar a paz de uma refeição pelo stresse de ver pela quinquagésima vez se os textos estavam todos certos, se as páginas estavam bem, se o índice não tinha erros, se todas as palavras que era suposto estar em itálico, realmente estavam. Tive de ajudar o senhor da reprografia a ordenar as folhas, e tive de correr desalmadamente rua abaixo, rua acima, (enquanto a resistência física permitiu)... Eram 15h50 quando finalmente cheguei à porta do BEDEL do hospital. A senhora disse: "já me ia embora agora mesmo!" Eu respondi-lhe que só era suposto fechar às 16h, que ainda estava dentro do horário. Após tanto esforço ainda tive de ouvi-la dizer "pois, mas faltam só 10 minutos para as 4, não tenho internet e já não me apetece estar mais aqui...".
Respirei fundo, ignorei a sua falta de profissionalismo, e só lhe disse: Vim entregar a minha tese de Mestrado..."

Quando vim embora, vinha leve e frágil, não sei se pelo cansaço nas pernas ou pelo alívio do peso nos ombros. E pensei de forma rápida em todas as tardes que tive de ir para o Instituto trabalhar, em todas as noites que ficava a adiantar trabalho para o dia seguinte, no que tinha aprendido ao desenvolver esta tese, nas pequenas vitórias que ela me proporcionou. Olhei para a capa de um exemplar de tese que tirei para mim e que tinha na mão e vi um erro na capa... Cheguei a casa e vi com mais calma todo o texto, e reparei em mais um erro, e mais outro, pormenores insignificantes talvez. Chorei. Tanto trabalho e ainda me escaparam alguns erros?
Depois tudo isso passou, e ficou de novo só o cansaço e o alívio. Ofereci a mim mesma um enorme bolo e um sumo na estação de comboio - era o meu almoço e a minha recompensa a curto prazo. Passei pelas brasas na viagem, e às 23h30 já eu dormia tranquila....até hoje bem tarde.

É como eu sempre digo aos colegas mais novos, há duas formas de encarar a Tese de Mestrado:
- ou se faz algo simples, rápido e sem grande interesse e fica-se com o assunto "arrumado" (se tivermos em conta que só vale 6 créditos e que é um ano em que se tem imenso para fazer);
- ou se faz um trabalho que realmente se gosta, que tem relevo científico, que dá realmente trabalho (tendo em conta que é aquele determinado projeto que nos vais atribuir a designação de "Mestre", que é contabilizado no curriculum de forma independente do curso). Se assim for, escolham algo que gostem, invistam em vocês mesmos, façam um artigo que possa ser publicado depois....

...Eu optei por fazer algo que me deu realmente muito gosto.

1 comentário:

  1. Muito interessante, excelentes concelhos. Sempre me perguntei como seria trabalhar numa tese...
    Ainda estou no 12º ano mas sei que quero seguir medicina. A única dúvida que me resta é que universidade escolher, pois vivo nos Açores e não faço a menor ideia quais as melhores universidades ou cidades...
    Já li o todo o teu blog! É uma fonte de informações muito boa. :) Continua com o bom trabalho, vais dar uma excelente médica!

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