domingo, 8 de novembro de 2015

objectiva vs. subjectiva

Não sou muito fã do trabalho desenvolvido nas enfermarias de medicina interna. Vê-se os doentes e depois passa-se o resto da manhã a escrever diários enormes e a fazer altas ainda mais enormes! Durante o meu estágio de medicina no 6o ano estava a contar os dias para terminá-lo, por isso calculei que este ano também asssim fosse. Mas não está a correr mal... Acho que ajuda eu ver os doentes numa perspectiva mais médica, sinto-me responsável por eles, ao contrário da abordagem dos alunos. Talvez seja isso. Ou talvez sejam aqueles dias por semana que estou na urgência, que me animam tanto que são como golpes de ar fresco!

Durante as primeiras 3 semanas ficava a acompanhar/ajudar a minha tutora de SU, o que já era espetacular porque ela me deixava fazer muito sozinha. Na semana passada, passei a ficar mesmo sozinha num gabinete emergente, que equivale a ver doentes triados com amarelo ou laranja. Fazia a história do doente, exame físico que achava adequado, traçava um plano de exames e de terapêutica e ia discutir com ela antes de clicar no "gravar". Aí sim, tudo pareceu mesmo real! Eu estava ali, por minha conta! E que maravilhosa sensação quando ela me perguntava "e o que estás a pensar que isso seja?" E eu respondia, e algum tempo depois, já com todas as peças do puzzle montadas, eu estava certa...
Então ver análises, saber que exames pedir, pensar em vários diagnosticos diferenciais, saber por que caminho ir, saber fazer uma tabela terapêutica para tirar a dor, para aliviar a dificuldade de respirar...tudo isso ganhou mais valor. De repente, essa parte tão objetiva da medicina ganhou tanta força que me revejo em dúvidas, de novo. A psiquiatria é tão subjectiva...

E aqui fica uma importantíssima mensagem aos colegas mais novos, que estão a poucos dias de fazer a prova de seriacao nacional:
- não se pressionem demasiado. Eu costumava repetir para mim mesma: "tens de conseguir boa nota por SÓ gostas disto!" Quando comecei o ano comum, estava convencida que iria detestar mais de metade dos estágios. Afinal, acontece que ser médico já é mesmo bom! Que acho que me adaptaria a imensas especialidades e acabaria por gostar, ao contrário das únicas duas que falava sempre. Acontece que agora que até casei, vejo as coisas de uma forma diferente. De repente, já não importa assssim tanto qual a especialidade, porque no final do dia o que realmente importa está em casa, a minha espera... Portanto não se pressionem demasiado, senão deixam de conseguir pensar.

6 comentários:

  1. olá J. castro!
    Desculpa colocar este comentário aqui que não vem a propósito do post, mas não consigo esclarecer esta dúvida em lado nenhum. Sabes Quantas vezes se pode repetir a PNS, desistindo do ano comum até ao prazo estabelecido?
    Obrigada!

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    1. Olá, desculpem intrometer-me mas pelo que sei, se desistires do ano comum, podes ir quantas vezes quiseres. Ao antigo B é que só se podia ir 2 vezes... (conheço alguém que já fez o exame 6 vezes)

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    2. Sim! Tens razão! 😃 obrigada pela correção!!!

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  2. Que bom ler estas tuas palavras a uma semana do exame. Obrigada pela partilha. Um grande beijinho e tudo de bom para ti.

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  3. Obrigada por teres deixado aqui estas palavras! Só consigo pensar em como é horrível todo este processo! E ainda falta uma semana! Ahhh!
    Beijinhos

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  4. Juliana, força na escolha...
    Estas são as palavras que alguém que julgou que seria Psiquiatra, mas que no fim do ano de IAC considera ser tudo menos psiquiatra te pode dizer...
    (e ainda não tenho a lista de escolhas definida!)

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