terça-feira, 13 de março de 2012

Um objectivo ou um peso? - Reflexões sem lógica

Não há nenhum dia em que não pense no objectivo final que me trouxe à Medicina: ouvir os primeiros choros de tantas crianças quantas as que um dia possa ajudar a nascer. É mesmo isso que quero! Dos muitos partos a que já assisti, não houve nenhum em que não ficasse com a lagrimazita no canto do olho... As cirurgias que já vi na área de Ginecologia acho curiosas, interessantes, até a anatomia interior me parece engraçada (na verdade é só difícil, não é engraçada)... Dos vários exames que já fiz, não houve nenhum que me fizesse pensar: "fogo, isto meteu-me «impressão», ou «nojo»..."

Mas até que ponto isto me pode prejudicar?

Ter um objectivo, uma escolha, uma meta é óptimo. Sabemos porque fazemos as coisas, podemos investir financeira e academicamente mais numa determinada área, porque sabemos que é aquilo que queremos para a vida... Mas ter uma opção é ao mesmo tempo devastador. Não sabemos quantas vagas vão abrir, se vão abrir naquele hospital que gostariamos... Conhecer pessoas que queiram exactamente o mesmo que nós, faz-nos duvidar... "E se ele entra e eu não?" E se for um amigo próximo, piora tudo: "um de nós vai ficar triste?"

Quem me conhece sabe que sou a pessoa mais divertida do mundo, e a mais preocupada... Preocupação é sem dúvida um dos traços mais marcantes da minha personalidade...

E se não tirar boa nota do exame de especialidade? E se nesse ano só abrirem 4 vagas para Ginecologia/obstetrícia em todo o país? E se tiver de ir pro norte, depois de ter razões tão fortes para permanecer no Centro? E se...

Eu a teoria sei-a bem: sei perfeitamente que se vivermos no futuro perdemos o presente, sei que a preocupação é dos piores inimigos da paz interior... Mas simplesmente não me sei desfazer dela em 70% dos meus dias...

E se não tivesse partilhado isto convosco? Provavelmente não estaria melhor nem pior...São reflexões sem lógica, é para ser exactamente isso...

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